Quando há uma fratura no tornozelo, a imagem costuma ser bastante forte para quem não está acostumado a lidar com esse tipo de situação. Porém para nós, ortopedistas e traumatologistas, esta é uma lesão bastante comum.
A fratura do tornozelo é uma das fraturas mais comuns no dia a dia do ortopedista especialista em pé e tornozelo. Esse tipo de lesão ocorre principalmente devido a uma torção no tornozelo. Pode acontecer em pacientes de todas as idades. Geralmente em jovens está relacionados a prática esportiva ou acidentes de trânsito e em idosos a quedas da própria altura.
O diagnóstico é feito com radiografia da articulação do tornozelo e o tratamento vai depender da gravidade, do desvio, das lesões associadas e consequentemente da instabilidade da fratura. Além disso, é muito importante avaliar a demanda e as condições clínicas (comorbidades) do paciente para definir qual será a melhor opção de tratamento para aquele indivíduo.
Ficou curioso para saber mais sobre as fraturas no tornozelo? Siga com a gente e saiba tudo sobre o assunto!
A anatomia do tornozelo
Três ossos formam a articulação do tornozelo:
- Tíbia
- Fíbula
- Tálus
A tíbia e a fíbula têm partes específicas que compõem o tornozelo:
- Maléolo medial – parte interna da tíbia na sua porção final
- Maléolo posterior – parte posterior da tíbia na sua porção final
- Maléolo lateral – final da fíbula
Articulações envolvidas nas fraturas do tornozelo:
- Articulação do tornozelo – onde a tíbia, a fíbula e o tálus se encontram;
- Articulação da sindesmose – a articulação entre a tíbia e a fíbula, que é unida por ligamentos.
Os ligamentos que devemos nos preocupar nas fraturas de tornozelo são o deltóide e os ligamentos tibiofibulares (que estabilizam a sindesmose), pois muitas vezes também são lesionados junto com a fratura e interferem na estabilidade e prognóstico da lesão. Caso essas lesões ligamentares sejam instáveis e o diagnóstico e consequentemente o tratamento adequado não seja feito, é provável que a recuperação do paciente seja ruim e o mesmo tenha sequelas futuras.
Como o tornozelo quebra?
Como mencionado anteriormente, o mecanismo de trauma principal das fraturas do tornozelo é o de torção.
Se a torção que ocorre na região do tornozelo tiver uma energia forte o suficiente para quebrar o osso, o mesmo irá fraturar.
Alguns fatores de risco que podem aumentar essa probabilidade são:
- Traumas de alta energia
- Osteoporose
- Obesidade
Quais são os principais sinais e sintomas?
Os principais sinais e sintomas de uma fratura são:
- Dor
- Inchaço
- Dificuldade ou incapacidade de apoiar o pé no chão
- Deformidade no tornozelo (nos casos de luxações associadas)
- Equimose (coloração arroxeada na pele devido ao hematoma da fratura)
Se você apresentar os sintomas mencionados acima após um trauma de torção do tornozelo é importante saber se teve uma fratura nessa região. Para isso, procure o pronto socorro que tenha atendimento ortopédico o quanto antes!
Como é feito o diagnóstico da fratura no tornozelo?
O diagnóstico da fratura no tornozelo é feito através da história do paciente, do seu exame físico e os exames complementares. Os dois principais exames para diagnóstico e planejamento cirúrgico são a radiografia (raio x) e a tomografia computadorizada.
Raio-x
Esta é a técnica de imagem diagnóstica mais comum e amplamente disponível. Raios-X podem mostrar se o osso está fraturado, desviado e se há luxação associada (articulação encontra-se fora do seu lugar). Raios-X devem ser feitos na perna, tornozelo e pé para se certificar de que nada mais esteja comprometido.
Imagem de radiografia frente e perfil do tornozelo evidenciando fraturas do maléolo lateral e posterior, e uma abertura na região medial denotando lesão do ligamento deltoide.
Tomografia computadorizada (TC)
Esse tipo de exame permite uma visualização tridimensional da fratura, pois é um exame no qual conseguimos observar os três planos da lesão (coronal, axial e sagital).
Por esse motivo é extremamente útil nas seguintes situações:
- Em caso de dúvida se existe ou não fratura
- Detalhar a lesão (quantificar desvios, número de fragmentos ósseos)
- Planejamento pré cirúrgico (fundamental pra planejar qual será a melhor via cirúrgica em casos mais complexos)
Cortes de tomografia computadorizada de uma fratura do tornozelo. Notem que na imagem temos os 3 cortes: axial, coronal e sagital. Além disso, temos ainda a reconstrução em 3D da fratura.
Ressonância magnética (RM)
Esse exame fornece imagens de alta resolução de ossos e tecidos moles, como ligamentos.
Raramente é necessário solicitar uma ressonância magnética na suspeita de fratura do tornozelo.
Em situações muito específicas como, por exemplo, lesões ligamentares isoladas da sindesmose é útil o exame da ressonância para a confirmação do diagnóstico.
Classificação da fratura no tornozelo
Existem diversas classificações na literatura médica para as fraturas no tornozelo. Porém, na prática elas não tem muita importância no quesito de tratamento.
Basicamente, a classificação mais útil que temos é a que definimos a quantidade de maléolos envolvidos.
- Unimaleolar: fratura de um maléolo
- Bimaleolar: fratura de dois maléolos
- Trimaleolar: fratura do maléolo lateral, medial e posterior
Como tratar uma fratura no tornozelo?
Basicamente existem dois tipos de tratamento:
- Conservador (não é feito cirurgia)
- Cirúrgico
Tratamento conservador
O tratamento conservador é o tratamento em que não é feito a cirurgia.
Está indicado em algumas situações específicas:
- Fraturas sem desvio
- Pacientes com múltiplas comorbidades: pacientes que tem muitas doenças associadas em que o risco cirúrgico é maior do que o potencial benefício que uma cirurgia poderia agregar
- Pacientes com demanda muito baixa: pacientes que praticamente já não usam a articulação do tornozelo por algum motivo
O tratamento conservador é feito através da imobilização gessada ou do uso de órteses pré fabricadas (robofoot).
O tempo de uso do gesso ou do robofoot é de em média 6 semanas, pois esse é o tempo médio de consolidação de uma fratura, podendo ter alguma variação a depender do caso e do paciente.
Em geral, o gesso não permite que o paciente ande. Por outro lado, o robofoot tem a vantagem de permitir que o paciente consiga andar (discutir o seu caso específico com o médico que está o acompanhando).
Tratamento cirúrgico
O tratamento cirúrgico é o mais comumente indicado pois a grande maioria das fraturas tem algum grau de desvio dos fragmentos ou lesão associada.
A cirurgia está indicada nas seguintes situações:
- Fraturas com desvio
- Envolvimento de mais de um maléolo (indica instabilidade)
- Lesões ligamentares associadas: sindesmose e/ou deltoide
- Luxação associada (indica instabilidade)
- Fratura exposta
A cirurgia é feita com o uso de alguns implantes ortopédicos como placas e parafusos.
Imagens de diferentes formas de fixação possíveis para fraturas distintas com o uso de placas e parafusos para posicionar os fragmentos corretamente.
Como funciona a recuperação e a reabilitação da fratura no tornozelo?
Assim como há uma ampla gama de lesões, há também uma ampla gama de como as pessoas se recuperam após a lesão.
Na média, uma fratura se consolida no período de 6 semanas.
Durante esse período é recomendado que o paciente utilize a bota ortopédica (robofoot).
O controle para saber se a fratura está consolidando é feito através de radiografias seriadas ou até mesmo tomografias em alguns casos.
Em quanto tempo posso pisar após uma cirurgia de fratura do tornozelo?
Atualmente, com o uso de implantes cada vez mais modernos e técnicas cirúrgicas refinadas, é possível uma reabilitação precoce.
Em geral, com o uso do robofoot, é possível permitir que o paciente deambule precocemente com o auxílio de andador ou muletas rapidamente desde que a cicatrização da pele esteja evoluindo favoravelmente. Na maioria dos casos, com 1 semana de pós operatório é possível autorizar que o paciente comece a andar com os cuidados acima.
Lembrando que cada caso é único e que cada cirurgião também tem sua preferência ao conduzir a reabilitação.
É necessário a realização de fisioterapia nas fraturas de tornozelo? Se sim, por quanto tempo?
A fisioterapia é fundamental no processo de reabilitação do paciente. Será trabalhado nas sessões de fisioterapia: analgesia, ganho de amplitude de movimento, fortalecimento muscular e treino de equilíbrio (propriocepção).
O tempo de duração da fisioterapia depende de algumas variáveis como:
- Qualidade da fisioterapia
- Dedicação do paciente
- Gravidade da lesão ortopédica
Portanto, não existe um tempo ou número certo de sessões. A fisioterapia deve ser feita até que o paciente esteja completamente reabilitado, confiante e seguro.
Não negligencie as dores nos pés e tornozelo
É pensando em proporcionar a melhor solução para sanar os problemas dos pacientes, que o Dr. Fábio Hirata, médico ortopedista e traumatologista com especialidade em Pé e Tornozelo, se coloca sempre à disposição para tirar todas as dúvidas possíveis, sejam relacionadas a essas ou a outras lesões na região dos pés e tornozelos – Agende aqui a sua consulta!